Política
(29/06/11)
Demóstenes Torres (*)
Grande parte dos jovens que estão ingressando agora na universidade perdeu no fim de semana o responsável por essa conquista, Paulo Renato Souza. Como ministro da Educação nos mandatos de Fernando Henrique Cardoso, Paulo Renato foi eficiente nas duas pontas, ao cuidar das crianças que começam a busca pelo conhecimento e ampliar as vagas no terceiro grau para quem atravessa o funil – alargado por ele.
Assim, o Brasil agradece a esse grande benfeitor da humanidade, que um dia será reconhecido inclusive nos livros escolares.
Ele próprio, avesso ao pavoneamento, seria contra. Jamais estamparia no material dos alunos qualquer louvação a governo ou seus integrantes, muito menos o festival de aberrações ora imposto.
O que se viu, após sua saída, foi a instrumentalização do ministério a ponto de as obras distribuídas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação bajularem o presidente da República e exibirem cartazes de seus feitos.
Paulo Renato dedicou-se à entrada da criança na escola, oferecendo oportunidade para nenhuma ficar fora da sala de aula, e à qualidade do que ela receberia durante os estudos. Era do que mais se orgulhava, de apresentar a chance a todo pai de ter uma carteira escolar à disposição do filho.
Para acabar com a antiga política segundo a qual “o governo finge que paga, alguns fingem que ensinam e o aluno finge que aprende”, criou os mecanismos de aferição. Os exames de desempenho confeririam o que o estudante aprendeu, não sua capacidade de organizar passeatas e registrar ONGs.
O Sistema de Avaliação da Educação Básica funcionou como balizador de investimentos pessoais e de estrutura, tanto os que estavam sendo aplicados quanto os que serviriam aos novatos.
O Exame Nacional de Cursos teve tamanho êxito que nem com seus detratores assumindo o poder apareceu coragem para extingui-lo – mudaram o nome, estabeleceram a doutrinação, mas rejeitaram a desfaçatez de o deletar. O motivo é simples: além de inovador, o Provão passou no teste da eficiência. As notícias ruins surgiriam depois, com o agora desmoralizado Enem.
O balanço macro de sua gestão aponta para um sucesso estrondoso. Traduzindo os números, as matrículas em todas as fases cresceram ano a ano, reduziu o analfabetismo, premiou o mérito, valorizou o professor, agigantou o fundamental.
A universidade chegou aos rincões. Os profissionais da Educação tiveram acesso à licenciatura. Um dos efeitos da formação superior de quem ensina é melhorar o currículo de quem capta. Foi providencial.
O Brasil vivia o início da estabilidade econômica, do acolhimento à tecnologia, da prosperidade advinda com o Plano Real. Itamar Franco e FHC prepararam o Brasil para o desenvolvimento, Paulo Renato preparou os jovens para o mercado aberto por ele.
O que o Brasil colhe hoje em Educação, da inclusiva à profissional, do fundamental ao superior, do rio Ailã ao Chuí, do matutino ao noturno, é atributo da política pública do lavrador que a semeou: Paulo Renato Souza. Chegou como operário da ruína, saiu como engenheiro de magnífica obra.
É merecedor de todas as homenagens e a maior delas colheu em vida a cada criança que punha o pé na escola pela primeira vez, a cada cerimônia de colação de grau, a cada pesquisador que abria um flanco.
Muito obrigado, Paulo Renato, por tornar o Brasil melhor e mais inteligente. Deixa um país saudoso e que, a cada matrícula, se mostra grato.
(*) Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM/GO)
Nenhum comentário:
Postar um comentário