sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A VELHA SENHORA

                           
ARTIGO

                    LIBERDADE DE IMPRENSA

                            Bonfim Salgado (*)

    “Adoro essa brincadeira de falar a verdade”, referia George Bernard Shaw, escritor, pensador e intelectual que dispensa comentários. Frase que remeto à meditação dos profissionais da imprensa de hoje. Esses milhares de repórteres, jornalistas, editorialistas e lavradores de texto, quantas vezes transformados em anônimos idealistas.
     Contudo, meu escopo é tratar de mercadoria delicada, insinuante, presente em nossas vidas e essencial àquilo que denominamos de conquistas democráticas: a liberdade de imprensa. Sim, a velha Senhora que, há séculos, assustou e continua a povoar de fantasmas as noites indormidas de tiranos, ditadores, corruptos e corruptores de todas as cores, matizes e tendências.
     Ora, haveremos de convir, não se pode tratar da liberdade de imprensa no Brasil, sem expor determinadas mazelas do mandonismo – patronal, primeiro, estatal, depois – caracterizado no controle da mídia e de seus conteúdos específicos. Entre nós, malgrado o que se afirme em contrário, jornal e jornalista bom é aquele que sempre fala bem do poder. Poder no sentido amplo, incluso o político. Dura verdade.
     Agora mesmo, eis que levantam-se vozerios diversos, secundados em discursos no Congresso Nacional, advertindo para solertes tentativas de garrotear a liberdade de imprensa, mediante instrumentos legisferantes que, à falta de melhor idéia, rotularam de “regulamento de mídia.” Conveniente disfarce ao monstrengo teratológico da censura – pura e brutal – que se deseja ressuscitar, desta vez, patrocinada pelo PT e seus ideólogos. Querem à fórceps repetir a história recente do País, limitada ao que se praticou de injustiças, perseguições e mortes no regime militar. Ações condenáveis ainda impunes e à espera que a sociedade brasileira encontre sua rota e faça as pazes consigo mesma.
     Não faz tempo, Paulo Grossi, historiador, disse que “O Direito é uma dimensão insubstituível da sociedade.” Parafraseando e com as vênias do autor, afirmaria que a liberdade de imprensa é um direito inalienável da pessoa humana, corporificada no respeito à livre consciência. Sem esses ingredientes, não se constrói nenhuma sociedade decente e muito menos uma Nação dígna desse nome.   
(*)  Bonfim Salgado é jornalista e consultor de empresas.

Nenhum comentário: