sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

ARTIGO DE SEXTA-FEIRA (18/02/11)

                               
                   A ARTE DE LAMBER TAPETES

                                  Bonfim Salgado

     Entender a política no Brasil, quem há de? Menos de 48 horas após a monumental presepada que foi a votação do novo salário mínimo – na Câmara dos Deputados – os jornais e colunistas já anunciavam o óbvio: os distintos do PMDB, pela sua invulgar fidelidade ao governo, devem ser agraciados com vários cargos na Caixa Econômica Federal e outras satrapias rendosas da República.
     Ora, considerando o número de novos empresários e de gente ligada ao patronato que, por via das eleições, adentrou o Congresso Nacional, não admira nada que projetos iguais ao do salário mínimo, num passe de mágica, sejam esvaziados e jogados no lixo. O que vale em Brasília, nessa era Dilma Rousseff, é o famoso “é dando que se recebe”, frase de cabeceira das tropas de choque da Câmara e do Senado. Políticos caras de pau, parlapatões inúteis, sanguessugas do erário, autênticos traidores desse povo desinformado que teima em reelege-los. Para depois sofrer, sadicamente, a cada fim de mês de dinheiro curto, dívidas, fome, pobreza e miséria, Brasil a fora.
     Se assim não fosse, como se entenderia que a base aliada do governo, em manobra solerte e altamente interesseira, aprove um projeto que retira do Congresso a prerrogativa da discussão sobre o salário mínimo? Pior ainda, como justificar que S. Exas., numa ação política das mais vergonhosas – verdadeira sessão lambe-tapetes do Planalto  – jogue para 2015  esse direito? Colocando no colo do Executivo – de olho nos cargos e em prebendas abiscoitadas na calada da noite - a faca e o queijo sobre a determinação do valor do salário mínimo. Por que moral e ética política, se é mais fácil e rendoso lavar as mãos, como Pilatos? Essa é a questão.
      Enquanto a maciça propaganda oficial apregoa que o país possui reservas internacionais em moeda forte – algo na ordem de US$ 300 bilhões – centra-se o debate político sobre utopias e mentiras. Para fazer crer que um salário mínimo acima dos R$ 545 aprovados, a curto prazo, iria falir o Brasil. Com efeito, madame Dilma aprendeu rápido as lições de despistamento da verdade e demagogias de palanque, absorvidas na faculdade Lula da Silva. Podem ter certeza, que ainda voltaremos ao assunto.

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