sexta-feira, 5 de agosto de 2011

ARTIGO DE SEXTA - 05/08/11

               

                HERANÇAS, FRITURAS & POLÍTICA

                                   Bonfim Salgado

    Vejamos: desde que Lula da Silva desocupou espaço no Palácio do Planalto, começaram a acontecer coisas estranhas no governo. A herança maldita existe, sim. Uma presidente atada à figurões, figuras e figurinhas nem sempre palatáveis em pleno ministério, também faz parte dessa realidade.
    O resultado não tardou a bater na porta. Iniciando pela senhora Erenice Guerra, então chefe do Gabinete Civil da Presidência, o vendaval de denúncias de corrupção e outros ilícitos, queimou a cadeira do então todo-poderoso ministro Antonio Palocci. Mandado para casa, após tartamudear explicações pouco convincentes sobre o súbito e estratosférico aumento do seu patrimônio, desde as últimas eleições. Palocci tornou-se o prato feito preferido da mídia sulista.
    Agora, obedecendo o calendário de termos um escândalo federal em média a cada seis meses, eis que, de repente, sobe ao palco o ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim – exonerado – após deitar falação imprudente e indelicada sobre as mulheres hoje mais em evidência no poder da República: as ministras Gleisi Hoffmann e Ideli Salvati. Triste e lamentável maneira de sair do governo. Anotação negativa para os eventuais biógrafos dele.

   Importa considerar que a presidente Dilma, malgrado seu, permanecerá muito tempo ligada às bases políticas no Congresso. Significando afirmar que nada poderá executar, sem ouvir seus líderes, nenhum voto ser-lhe-á dado, sem que antes corra o pires das benesses pessoais e exclusivas, dadas a cada deputado e senador amigo. Vide as emendas parlamentares e a Lei de Diretrizes Orçamentárias. 
    No contraponto, a plebe ignara, pagadora dos 56 tributos cobrados nesse país, mesmo colocada à parte do mérito das chamadas grandes decisões palacianas, pergunta-se quando, de fato e de direito, a presidente Dilma Rousseff começará a governar. Isso porque, até o momento, sente-se demasiado presente o bafio, demagógico e oportunista, do ex-presidente Lula que, a julgar pelas atitudes, tornou-se cadáver insepulto. Ele não se deu conta ainda de que há um “Ex” à frente do seu nome.
    Há questões políticas, administrativas e sociais a serem resolvidas, destacando-se os empurrões na carroça do PAC 2, programa com menos de 40% de suas metas em execução ou concluídas. Fala-se em sensível aumento no número das bolsas de estudo em universidades estrangeiras, acena-se com reajuste nos valores do Bolsa Família, lavam-se as mãos quanto à vigência do novo e combatido Código Florestal e La Nave Va. Não demora, começam na TV as propagandas das ofertas para o Natal. Os brasileiros começarão a fazer suas contas de final de ano e o governo a divulgar que em 2012, tudo será melhor. Vamos fingir que acreditamos.

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